Recebí através do meu e-mail correia2012@gmail.com de LIVIA MAGALHÃES do site http://www.brasilvitrine.com a seguinte matéria “ILHÉUS, PRINCESinha OU RAinha…?” a qual passo a reproduzir na íntegra.
Será que Ilhéus ainda é PRINCESinha do século passado ou podemos graduá-la de RAinha por merecimento?
TODAS AS FOTOS FORAM ENVIADAS PELA AUTORA DA MATÉRIA
Foto:
Ilhéus, Aeroporto Eduardo Gomes, julho de 1959. Naquele dia, eu, meus pais, meu irmão, uma tia avó e a secretária sergipana chegávamos a princesinha do Sul, da região cacaueira e da Bahia. Era inverno, à tardinha, muita chuva, tempo nublado e escuro, quase noite… Eu não tinha noção da pista do aeroporto, apenas notei que o terminal de passageiros era diferente, menor do que o de Salvador, onde eu nasci. Não sabia que Ilhéus era outra cidade, outro município, talvez na minha ingenuidade de criança, achei ser um bairro da capital baiana. Mas, naquela tarde noite chuvosa, o que realmente lembro e que me marcou foi o meio de transporte que usamos para chegar à casa nova, como era chamada. Até então, só morávamos em apartamento. Era uma lancha.
FOTO: UMA LANCHA. Colaboração do blog CorreiaNeles
Já era noite na travessia, não vi as belezas da baia do Pontal. A praia, o manguezal, a saída da barra, apenas foquei no balanço da embarcação. Mas, lembro, também, que vi outro tipo, mais estreita, diferente, parecia uma canoa grande. Soube, ainda naquela noite, conversando com meu pai, que o nome era besouro e que a diferença de ambas era apenas por que navegava margeando a baia para depois atravessar o rio e ancorar no cais daquela época. Aprendi, também, que chegamos de avião no continente, o bairro do pontal, e a travessia foi para aportar na ilha que iríamos morar, a sede do município de Ilhéus. Não havia a ponte Ilhéus – Pontal. Senti naquele momento que começava uma relação de profundo amor com esta terra.
- FOTO: Enviada pela autora da matéria
Não, não deixem de ler, não vou contar minha história. Vou falar da Princesinha do passado e hoje, Rainha.
Ilhéus, Aeroporto Jorge Amado, janeiro de 2011. Praia, manguezal, boca da barra, morro de Pernambuco, uma nova Brasília urbanizada, Por do Sol único e majestoso do bairro da Sapetinga. Pontal, um bairro fascinante e generoso, anfitrião da cidade pela zona sul, bucólico, aplausível e a ponte Ilhéus – Pontal. Minutos e às vezes horas de engarrafamento para atravessarmos pelos meios de transporte modernos, carros possantes, motos de várias cilindradas, ônibus com e sem ar condicionado, bicicletas com marchas e o engarrafamento para chegarmos ao centro da princesinha ou… a rainha do sul da Bahia?
Foto enviada pela autora da matéria
Hoje, Ilhéus tem apenas uma certeza para resolver o problema. Clamar por uma nova ponte… E até a construção, quais as ações paliativas? A engenharia de trânsito? O empenho dos urbanistas e projetistas da cidade? A abertura da rua conhecida como antigo Café Polar? Ou a do Terminal urbano em frente ao Colégio Impacto? Ou uma passarela para pedestres ao final da Marques de Paranaguá? E a Praça Cairu, o que fazer com ela? Não sei, minha formação é na área de humanas, sou advogada. Mas, no início deste artigo declarei minha paixão por Ilhéus, portanto tenho obrigação de pensar a cidade, de ajudar no que for possível. Tenho pensado muito nesta possibilidade de ressurgimento das lanchas e besouros, claro embarcações modernas e tecnologicamente corretas para tal. A travessia náutica ajudaria descongestionar o trânsito? O tráfego fluiria melhor? E a economia de combustível? Será possível, também, gerar empregos, melhorar a renda e a qualidade de vida daqueles que dependem de ir e vir diariamente do continente para a ilha e vice versa.
Foto enviada pela autora da matéria
Se não dá para em um estalar de dedos construir uma ponte, então planejamento, projetos e recursos têm que fazer parte do grito, com eco, para as autoridades, que acordem e pensem em alternativas viáveis para uma Ilhéus engessada. A qualquer momento será uma cidade paralisada. Insisto, a crise é administrativa, é de gestão, além de política e financeira. Assusta-nos pensar: Ilhéus, janeiro de 2014, estamos preparados para a Copa do Mundo? Ilhéus, janeiro de 2016, estamos preparando os nossos atletas para as Olimpíadas?
A cidade não combina mais com incertezas, com ações que sofrem interrupções, sem continuidade dos serviços, e o pior, munícipes sempre esquecidos pelo poder público. Se existem lanchas que fazem transporte entre Salvador e a Ilha de Itaparica entre outras da baia de Todos os Santos, se, também no Rio de Janeiro existe o mesmo serviço para Niterói, na baia da Guanabara, em São Luis do Maranhão para as cidades do Litoral do Estado, por que não entre Ilhéus e o Pontal? O resgate deste meio de transporte tem que ser prático e barato. Os valores arrecadados servirão para a manutenção e boa qualidade do serviço. Ganharemos todos, passageiros, ambulantes, mestres, esportes náutico… Os governantes precisam começar a preocupar-se com o direito do cidadão de ir e vir, de viver bem, senão esta grande embarcação, chamada Ilhéus, ficará a deriva, sem comando. A situação do sistema viário arcaico de Ilhéus, sem projetos dos órgãos competentes, ou avaliação dos profissionais que se capacitam para tal, tornou-se um sistema estrangulado e não só restrito a zona sul, mas já atingindo a zona norte da cidade por conta da BA 001 (SSA/Camamu/Itacaré/Ilhéus). O engarrafamento, em razão do trânsito caótico, já não incomoda só os Ilheenses e sim toda a região, o estado da Bahia e os turistas brasileiros e estrangeiros, que elegem Ilhéus como destino turístico.
Bem, ainda como sugestão: O percurso das lanchas não ficará restrito apenas a travessia, mas existe possibilidade de criação de pólos turísticos como o Rio do Engenho, cais da Sapetinga, baia do Pontal… , até porque os ventos estão favoráveis, o Estado da Bahia foi escolhido como sede de um projeto piloto do Plano Nacional de Desenvolvimento do Turismo Náutico do Ministério do Turismo. Existem recursos para construção de piers, atracadouros, marinas, entre outros, transformando a Bahia em um Pólo desta modalidade de Turismo.
Foto do "PORTAL VITRINE"
Ilhéus 2011, além da beleza natural que é uma dádiva de Deus, temos porto, aeroporto, uma instituição de ensino pública estadual (UESC) uma federal (CEFET/IFBA), e no futuro próximo, a duplicação da Ilhéus/Itabuna, o complexo intermodal, ferrovia, porto e aeroporto internacional modernos. Será que Ilhéus ainda é PRINCESinha do século passado ou podemos graduá-la de RAinha por merecimento? Insisto, não percamos as oportunidades.
Rúbia Carvalho é advogada,
servidora pública comissionada
e colunista do portal Brasil Vitrine.