O METRÔ

COLUNA DE CHICO ANDRADE

O metrô

O céu nublado, o vento frio a gelar minhas costas e eu a caminhar em direção a estação. A névoa a encobrir a luz vermelha do último vagão do trem, os carros a buzinar freneticamente, a multidão, mergulhada no caos, andando a passos largos, e eu a caminhar em direção a estação.

Excêntricas expressões nos rostos humanos, a refletir agonias, preocupações, tristezas, triunfos, alento, desalento, felicidade… Significativas e banais manifestações da vida ocorrendo enquanto vai se esvaindo meu caminho em direção a estação.

Apenas isto se esvaiu: Meu caminho em direção a estação. Lá dentro, a desesperança não ocupa lugar em meu coração. Eu lembro, ainda que com o automático bom dia da atendente que me vende o bilhete, de valores humanos. De todos eles, a gentileza figura entre os mais adoráveis.

Recebi um gentil bom dia ao sentar ao lado de uma desconhecida absorvida pelo medo. A escuridão do túnel, incomparável com a escuridão do terrorismo e do medo que esse provoca, ia refletindo o fundamentalismo ali, em minha frente, dentro do vagão, por parte de todos aqueles que já não conseguem olhar nos olhos uns dos outros, cumprindo o objetivo dos fanáticos que ali não estavam.

Mas há um momento singelo em meio ao caos, ao medo e a escuridão: Enquanto a água da chuva escorria pelos vidros das janelas do metrô, fiquei absorto em meus pensamentos, a lembrar de conquistas, de amigos, de amores em suas múltiplas formas. O frear dos vagões, a intensa movimentação de gente, entrando e saindo por todos os lados, e a chuva, agora torrencial, me trazem de volta a realidade. Eu desço do metrô, recebo o beijo emocionado diante do reencontro, e saio da estação feliz com o desvendar do segredo que nos leva a paz e a harmonia: amar, amar e não ter medo. Vou retornar, em alguns dias, á estação.

Chico Andrade é Geógrafo, professor, escritor e cientista político.

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(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, uma imprensa de baixa qualidade, e BLOG’S sensacionalistas, tem uma importância tão grande quanto aqui em Ilhéus. Simplesmente TODOS ÊLES se transformaram em um grande partido político – o PIO, Partido da Imprensa Oportunista.